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Neurologista explica como o cérebro dos superdotados vive o amor
Amor e superdotação. Pra gente começar essa conversa, é importante ter em mente que existem diferenças estruturais e funcionais nos cérebros das pessoas com superdotação.
Do ponto de vista da neurociência, há regiões responsáveis pela associação de informações que funcionam de maneira mais intensa quando comparadas aos cérebros típicos.
Essas diferenças, hoje reconhecidas como estruturais e funcionais, se conectam à teoria das sobrecitabilidades de Dabrowski, que vamos usar aqui para explicar como o superdotado pode lidar com a experiência amorosa.
Amor e superdotação: sobrecitabilidades de Dabrowski
Um dos pilares dessa teoria é a ideia de que existe um aumento de intensidade em uma ou mais das cinco áreas principais:
- Área psicomotora – maior energia física e inquietação.
- Área sensorial – fascínio ou repulsa por sons, texturas, cheiros ou pela beleza.
- Área imaginativa – riqueza de fantasias, símbolos e forte tendência à criatividade.
- Área intelectual – necessidade de refletir profundamente, analisar e compreender emoções.
- Área emocional – empatia muito acentuada e tendência a formar vínculos profundos.
Amor e superdotação: química cerebral e vínculos
Em qualquer ser humano, típico ou superdotado, a experiência amorosa envolve a liberação de neurotransmissores:
- Ocitocina – responsável pelo vínculo e pela confiança.
- Dopamina – relacionada ao prazer e à motivação.
- Vasopressina – associada ao estabelecimento de vínculos de longo prazo.
No entanto, no cérebro superdotado existe um desafio especial: a busca pela coerência intelectual.
Isso significa que muitas vezes o amor não é visto apenas como um campo de expressão emocional, mas também como espaço de diálogo, de construção criativa, de curiosidade compartilhada e de abertura para dividir esse mundo interno tão rico.
Assim, vínculos autênticos são prioridade.
Relações baseadas somente em convenções sociais tendem a gerar frustração e tédio.
Amor e superdotação: entrega e solidão
É claro que cada relacionamento é único e cada experiência é individual.
O que fazemos aqui é uma generalização para facilitar a compreensão da vivência amorosa de quem tem superdotação, mas tudo vai depender da história de vida de cada pessoa.
Do ponto de vista psicológico, surge um paradoxo:
- de um lado, a capacidade de entrega profunda e absoluta ao relacionamento amoroso;
- de outro, a dificuldade relacional que aparece quando o superdotado percebe uma entrega assimétrica, como se o outro não estivesse vivendo a experiência com a mesma intensidade.
Isso pode gerar sensação de solidão dentro da relação, como se aquela intensidade emocional não estivesse sendo compartilhada.
Costumo dizer que o maior superpoder do superdotado – a empatia e a entrega ao amor – também traz uma grande vulnerabilidade: a necessidade de construir, ao longo da vida, ferramentas para lidar com emoções tão intensas.
Amor e superdotação: como fortalecer a relação
Para fechar essa conversa, algumas atitudes podem ajudar a fortalecer o vínculo quando um dos parceiros tem superdotação:
- Validação da intensidade – não estranhe a intensidade emocional, reconheça-a como parte essencial da relação.
- Espaços para diálogo profundo – cultivem conversas realmente significativas.
- Respeito à autenticidade – entenda que esse cérebro busca sentido e significado. Relações baseadas em aparência não sustentam vínculos duradouros; o que importa é a profundidade.
Quer saber mais sobre superdotação? Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=83yJlbuKa-s